sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Andei aqui a conter-me, mas é mais forte que eu e tem a ver com a questão da bandeira francesa. Questão complexa, que atormenta espíritos, promove debates apaixonados e divide sociedades. A dita questão é no fundo simples - porquê tanta emoção e envolvimento com a desgraça dos franceses (que nos leva até a pintarmo-nos com as cores da sua bandeira e a cantarmos em coro a Marselhesa, e não com os libaneses ou os nigerianos, também eles atormentados por bombas e terroristas fanáticos e até numa escala muito mais drástica?
Bem, a meu ver (reparem, eu disse a meu ver..) a resposta a tão delicada pergunta é a seguinte: primeiro o factor proximidade (fenómeno bem conhecido de todos os jornalistas) - o que se passa aqui mesmo à nossa porta, aos "nossos" por assim dizer, tem muito mais impacto que o mesmo acontecimento, mas a muitos quilómetros de distancia. E depois o factor surpresa - não levem isto a mal, eu que tanto tempo lá passei e que lá deixei amigos do peito e saudades profundas, até sou insuspeito, mas a verdade é que rebentarem coisas no Líbano, na Nigéria, na Serra Leoa, na Síria ou no Iraque é "normal". Acontece com regularidade, faz parte (infelizmente) da vida quotidiana e assim o impacto é de certa forma diluído. Mas aqui é inesperado. Aqui não esperamos sair de casa e ser atingidos por maníacos homicidas. Para mais numa escala destas. A surpresa (má) é muito maior e logo o impacto também.
Não estou a menosprezar, ou a minorizar a dor dos libaneses ou dos nigerianos, ela é tão importante como a nossa. Mas estou a dizer que compreendo quem de repente acorda para a vida, com o rebentamento das bombas aqui ao lado, percebe o mundo em que vive e decide à sua maneira mostrar solidariedade. E depois o que importa se a bandeira é francesa, libanesa ou do Burkina Faso? O que de facto conta é que estamos todos do mesmo lado e temos uma luta mais importante para travar  do que perdermos tempo com questiúnculas de merda, que só demonstram a futilidade e a profunda imbecilidade de quem as promove. Agora vamos lá mas é chutar as bundas daquela corja de malfeitores barbudos, para fora deste mundo. Enrolados nas bandeiras que quisermos.


quinta-feira, 19 de novembro de 2015


Questões para reflexão - estando o Daesh num momento dificil, com derrotas militares, morte de alguns lideres importantes, cortes financeiros e subsquentes reflexos negativos nos niveis de armamento, munições e na motivação dos combatentes, tendo bases militares mais ou menos sólidas no Iraque e na Siria, porque não consolidar posições ai, onde estão em "casa" e virem bulir nos vespeiros aqui na Europa. Quer dizer eles sabem que isto implica retaliações por parte do Ocidente e estando numa situação debilitada isso não me parece uma boa estratégia . A não ser que busquem a auto destruição (mas o martirio e as virgens são para os patetas que se explodem, não para as cúpulas iluminadas)...ou então há aqui gato escondido, ai há há...
Pinto a minha cara de preto, por vergonha. Vergonha de estar inserido numa sociedade que permite o massacre de inocentes a troco de conforto. A politica é covarde e o dinheiro todo poderoso. E enquanto nós aqui, nos degladiamos por merdices sem sentido e vaidades vãs, a vida real acontece. Um dia vai engolir-nos e nós, pasmados e incrédulos, ai entenderemos. Já nos bate à porta.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Para que conste eu gosto de animais. mesmo muito - fui criado com eles, no campo, toda a vida tive cães (cheguei a viver com 11!), e até um gato e uma coruja. Por isso sou insuspeito. Mas confesso que me pasma um pouco toda esta transferência afectiva para os nossos companheiros peludos e penosos. Há assim tanta carência por ai? Quer dizer, não ponho em causa os direitos da bicheza, até pugno por eles, mas não vou deixar de comer bifes por causa disso de certeza. Abomino os c...açadores de baleias e o assassino do Cecil, mas não desdenho uma boa pescaria. Acho que os animais são (mesmo) nossos amigos, mas dai a dormirem na minha cama, ou a achar que são pessoas, vai uma longa distancia..Isto tudo para dizer que respeito e compreensão entre as espécies é fundamental, mas a natureza pôs cada coisa no seu lugar e com a sua função e a natureza é sábia - eu, o que me chateia mesmo, são os fundamentalismos e a arrongância moral de certa gente, que os bichos, esses sabem ser bichos.

  A humanidade já passou por muitas ameaças - não poucas das quais, iguais à que enfrentamos hoje. Epidemias e pandemias são recorrentes na ...