sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Na maternidade, um qualquer doutor, daqueles de hospital privado, que vivem com dificuldades portanto (para quem seja mais lento, isto foi mesmo ironia..) , queixava-se do estado das coisas e atribuia a culpa aos suspeitos do costume: os jornalistas pois claro. Eu, jornalista e neto de médico João Semana, daqueles que calcorreava a serra a pé para ver doentes, era pago em ovos e galinhas, nunca se queixou e nunca se negou, senti a mostarda a subir ao nariz (talves dos nervos do filhote a chegar..). Interpelei-o em termos suaves: "não acha que é um pouco injusto generalizar? afinal há maus jornalistas como maus médico ou maus canalizadores..". A resposta dele revelou a raça do animal: "generalizar nada, eu sou mesmo assim, radical. É o que eu penso e mais nada". Olhei para ele pensando cá para mim que deveria ter muito que se queixar da vida, coitado, com o seu mísero ordenado, T1 nos suburbios e 2 horas diária de autocarro, para além da sopita ao jantar que isto não está tempo para grandes gastos (atenção, isto também foi ironia..) e disse-lhe suavemente: "sabe a alternativa ao jornalismo, bom e mau, é não haver jornalismo de todo. Existem alguns exemplos de países assim, tipo a Coreia do Norte, o que o Dr. acharia de viver num País desses? não acha que aqui, mesmo assim, sempre é melhor?". A resposta dele desarmou-me de vez  - "se calhar lá são muito mais felizes". Olhei para ele, para o relógio de marca, os sapatinhos de 200 euros, as unhas tratadas e não consegui evitar rir-me. Disse-lhe só que então deveria experimentar ir viver para lá. nem lhe dei tempo para mais conversas. Não se argumenta com a estupidez e bem dizia o meu avô "qualquer burro carregado de livros pode ser um doutor".

2 comentários:

  1. Não confundir um burro carregado de livros, com um doutor carregado de livros. Esses têm licenciaturas da Independente e estão a estudar em universidades francesas.

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  2. E aparentemente têm contas em nome de familiares em Off-shores...

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